Nelson de Medeiros

AMOR DE UM DIA...

AMOR DE UM DIA...

 

Hei de rever-te um dia. Nada existe que me iluda...

Escuta: Não percebes Minh! Alma que transmuda

Quando, morrendo, a tarde doura o azul do mar?

Não sentes porventura, no triste murmurar do vento,

A saudade que te envio em pensamento?

Pois ela inda vive em nosso raio de luar!

 

Não permita que costumes nos mantenham separados ...

Meus lábios anseiam por teus lábios nacarados!

Quero esmagá-los entre beijos e arquejos,

Fundir nossos corpos, parar os universos...

Sentir teus desejos em meus desejos imersos,

Ter-te inteira novamente sem receios e sem pejos!

 

Quero deitar-me em tua pele aveludada,

Que me calou numa ânsia entrecortada,

E me arrastou nesta paixão de instante!

Não me deixe assim...  Espera um pouco...

Não queiras o sofrer deste poeta louco

Que lembra o beijo do fugaz instante!

 

E não me fales de promessas e pecados,

E nem me digas de destinos pré - marcados...

A paixão permite tudo. Nada reclama!

Volta a praia que nos serviu de abrigo,

Esqueça tudo e vem pecar comigo,

Pois, por teu corpo é que meu corpo clama!

Nelson de Medeiros