Marcelo Veloso

A NULIDADE DO NU

Corpos desnudos

na tela pinçados,

e por olhares dissentos,

a reprovação inquirida.

Gestos velados

por veludos traçados,

cobrindo quadros,

em um invocação reprimida.

 

Paredes e tetos,

janelas quebradas,

a onda vagueando

d’uma indesejada situação.

Pronomes repicados,

de uma devassidão predisposta,

à suspensão de contatos,

por visagem sem noção.

 

Pesa o peso do ranço,

comprime o reprimir,

no ferir conceitos

em que preconceitos pontuam.

A tela congela,

priva-se a arte,

n’ uma confiança ferida,

pelos recalques que acentuam.

 

Não tem mais lisura,

a liberdade é confinada,

e a inspiração retida,

pelo insólito retirar do menu.

Debates privados,

dá final à jornada,

cultura cerceada e sem vida,

é a nulidade do nu.