Noite de novembro.
Noite longa quase infinda.
Noite insone de verão.
Árvores paradas no ar,
Folhas caídas não chão,
Nenhuma folha balança
O vento fugiu a tarde.
Cães que latem unidos
Parecem uma irmandade.
Calopsitas que gritam
E grilos silenciados.
Papagaios que se agitam,
Em gaiolas e quintais.
Um galo que canta longe
Um outro que lhe responde
Vão tecendo a madrugada
E ainda estou insone.
Pensamentos em ação
Que teimam em ir e vir,
Sem rumo, sem direção,
Como o balanço das ondas,
Em um mar bem agitado.
O sono está em algum lugar,
Leve, solto e saltitante
É como um marido ausente
Que deixa a esposa amada
Para ficar com amante.