Nelson de Medeiros

SERÁ POSSÍVEL?

SERÁ POSSÍVEL?

 

Às vezes me pego a falar sozinho...

Indago do Infinito se o que sinto,

Se o que vejo, e, muitas vezes pressinto,

É dom inato ou sonho do caminho...
 


Agora mesmo te sinto pertinho;

De ti tudo eu sei, até por instinto,

Pois, quando estás a meu lado, não minto,

Meu peito ofega! Giro em torvelinho!


 
E, no vazio infindo desta ausência,

Apenas rogo a Deus que tua essência,

Perdure em mim neste estranho liame!
 


Penso então: Por que estas dores sentidas?

Quem sabe já vivemos outras vidas,

E, talvez de outras eras eu te ame?

Nelson de Medeiros