Marcelo Veloso

TEREZA, FAVOR, MANGA NÃO! (Em 3 atos)

MANGA NÃO - (1)

Tereza, oh Tereza,

por favor, não manga de nós.

Tereza, oh Tereza,

não seja nosso algoz.

 

A fome é tanta,

mas, não é verdade,

que ela não existe,

por causa das mangas na cidade.

 

Oh, Tereza, quanta besteira,

causando alvoroço,

num manga de nós,

não nos dê esse caroço.

 

Tereza, oh Tereza

que gesto tão pequeno,

manga de nós não

senhora, musa do veneno.

 

 

MANGA NÃO - (2)

Oh, Tereza, oh, Tereza,

manga de nós  não.

Oh, Tereza, oh Tereza,

por favor, tem compaixão.

 

Tô c’um fome, tô c’um fome,

vou p’ro centro da cidade,

vou subir no pé de manga,

p’ra matar minha saciedade.

 

A barriga tá vazia,

mas não quero indigestão.

Tereza, num caçoa de nós,

manga não, manga não!

 

Oh Tereza, oh Tereza,

tenha dó, não ponha a canga,

somos um povo mal nutrido,

mas, por favor, não manga.

 

Tô doente, não é só de fome,

é a tal contaminação,

que a comida está tendo,

com a sua permissão.

 

Num manga de nós,

e não pense tão pequeno,

Oh Tereza, vê se atipa,

rainha e musa do veneno.

 

 

MANGA NÃO - (3)

Tereza, oh Tereza,

manga d’eu não,

manga d’eu não.

 

To c’um fome.

‘ocê num liga.

manda eu subi no pé de manga.

p’ra enchê minha barriga.

 

Mas o pé de manga,

\'tá doente, tá pequeno,

tudo culpa dos seus amigos,

que encheu ele de veneno.

 

Tereza, oh Tereza,

manga d’eu não,

manga d’eu não.

 

‘Ocê é uma grande mentirosa,

que só sabe debochar,

tá querendo enganar os índios,

só p’ras terra demarcar.

 

Você e seu chefe amigo,

do Brasil vão ser coveiros,

vai pegar a Amazônia,

e entregar para os grileiros.

 

Tereza, oh Tereza,

manga d’eu não,

manga d’eu não.