Se eu fosse uma garota num livro a vida seria mais fácil,
eu diria sim facilmente, não analisaria cada detalhe,
nem pensaria duas vezes nas consequências de viver um amor tão grande.
Se eu fosse uma garota num livro, eu iria reparar
na beleza das cores da primavera,
no cheirinho de comida sendo feita,
me encantaria com a chegada de um pretendente,
que pretende arrumar uma esposa para seguir a risca o padrão da sociedade e se tornar um homem importante com todos os objetivos alcançados e não que é completamente apaixonado pela
beleza dos meus olhos,
pelo jeito do meu sorriso,
pela minha paixão por livros e
pelos meus vagos pensamentos sobre o futuro.
Se eu fosse uma garota num livro eu seria bobinha que só teria um coração
e nada mais,
não haveria problemas maiores do que o jeito que o meu cabelo está ou o estilo do meu próximo vestido,
a vida seria leve,
fácil,
e meu objetivo seria um só: arrumar um marido.
Mas eu não sou uma garota num livro, e bem nem as garotas nos livros não são mais garotas num livro, felizmente percebemos que
só um marido não basta,
só um coração não basta.
É preciso ter alma,
desejo,
sonho,
metas,
loucuras,
devaneios,
é preciso ver a beleza das cores da primavera e as cores do dinheiro,
o cheiro de comida sendo feita, e de segundas intenções dos pretendes que chegam
e até dos que não chegam,
A vida é uma doce alegria com pitadas de salgado desespero.
Será que eu volto pra casa hoje sã e salva?
Será que ele realmente me viu ou só viu meu corpo?
Será que esse relacionamento me faz bem?
Será que a vida é realmente se fazer todas essas perguntas todos os dias?
Se eu fosse uma garota num livro talvez seria mais fácil fingir que o mundo não é tão cruel e que ser mulher às vezes é tão cansativo.