Num lapso reflexivo, me dispondo a pensar, imaginar, escrever algo mais em torno dela, a tão desejada felicidade, começo indagando:
Quem não gostaria de tê-la como companheira inseparável? Fosse ela, a Senhorita Felicidade, alguém de carne e osso, como seria ótimo viver sempre ao lado dela!
No entanto, vou logo emendando a seguinte provocação:
Será que ela iria também querer ficar sempre ao meu lado?
É... agora a coisa se complica. De certa forma, posso ser alguém egoísta ao desejar e perseguir essa tal Felicidade sem me dar conta de que ela, com sua forma discreta de ser, me conheça e saiba bem como sou. Talvez por isso, não se disponha a conviver comigo.
Okay, não estou falando em tom autodepreciativo. Mas num desfecho figurativo, trago a analogia de que a Felicidade é como uma borboleta, livre, leve e solta.
Cumpriu sua metamorfose enfrentando a clausura até ganhar asas. Aprendeu a voar com tamanha destreza num balé campestre que, sozinha ou acompanhada ela sabe enfeitar a vida.
Olhando por este prisma, ela parece mostrar que estar feliz é diferente de ter felicidade. Para tanto, cada indivíduo deve ser merecedor de sua companhia.
Compreensível, generosa e desprendida que é, com suas asas multicoloridas, a bela Felicidade só aceita me visitar em breves momentos, quando abro uma garrafa de vinho, por exemplo. Ao me ver apreciando o pôr do sol, ela vem, me faz um carinho e sai logo depois do sol se pôr. E naquelas vezes em que pego uma estrada, contemplando o horizonte azul, enquanto passam correndo matos verdes pelos lados, ela toca meu ombro e vai soprando no ouvido como é gostoso ser livre. Ao sair da estrada, procuro e não a vejo mais.
Assim mesmo, volátil e efêmera, a Srta. Felicidade prefere não se prender a nada nem ninguém. Não pretende se tornar Senhora, muito menos Dona Felicidade.
Bem, vou parar por aqui, senão vai perceber que estou falando dela e pode demorar a voltar.