Nelson de Medeiros

SEM MÁSCARA

SEM MÁSCARA

O bardo viu, no auge da ansiedade,
A face humana toda a descoberto!
Viu as cores do orgulho e vaidade
Pintadas sem pudor a céu aberto!

 

Prenhe de horror, em quase insanidade,
Sentiu com asco a podridão de perto!
Assaltou-lhe então infrene vontade
De fugir desse povo torpe e incerto!

 

Mas, ir para onde? Como não ver
Esta turba sem fé e desumana?
Aterrado quiz fugir, se esconder!

 

Não pode, a malta é torpe, é só rudeza,
Nada enxerga, pois só sente o que emana
Do próprio orgulho e da própria vileza!

Nelson de Medeiros