SEM MÁSCARA
O bardo viu, no auge da ansiedade,
A face humana toda a descoberto!
Viu as cores do orgulho e vaidade
Pintadas sem pudor a céu aberto!
Prenhe de horror, em quase insanidade,
Sentiu com asco a podridão de perto!
Assaltou-lhe então infrene vontade
De fugir desse povo torpe e incerto!
Mas, ir para onde? Como não ver
Esta turba sem fé e desumana?
Aterrado quiz fugir, se esconder!
Não pode, a malta é torpe, é só rudeza,
Nada enxerga, pois só sente o que emana
Do próprio orgulho e da própria vileza!
Nelson de Medeiros