Tabosa Flegler

Céu do Brasil

A Lua, trêmula, se exibe
Nos olhos úmidos do meu bem.
É, do céu, pintura fresca,
Úmida como as paredes de um bordel
Delicada, tal qual pétalas translúcidas.

Janela entreaberta, da alma, são meus olhos 
E doces, no fundo
E amargos, por fora. 
Destilam amarguras e delírios tais 
Que de escarlate enfeitam
Em veios vívidos,
A esclera, branca e amarelada.
Brilham tanto, as vezes
Na parede do meu quarto,
Que parecem cegos 
Que não vêem o que vejo.
Olhos ingratos.
Escuros, como a pele de minha mãe 
Fundos, como coração de meu pai.
Simples,
Perdidos,
Necessários.

O sol se apressa no meu céu azul anil.

O escuro piora minha cegueira,
As vozes confusas expõem minha surdez.

É o espetáculo da vida,
assista a cada passo seu.
Calado, cada um tem sua vez,
De falar,
De ouvir,
De voar.
De olhar nos olhos de um doce amor
E morrer em paz,
Como flores de pétalas translúcidas.