AMOR ANTIGO
Não sei por que quando à tardinha caminhando,
Em passo lento sobre aquela velha ponte,
Escuto as águas que se vão cantarolando,
Uma cantiga que enruga a minha fronte!
Talvez eu sinta neste canto desaguando
As ilusões por mim vividas num instante
De um tempo atrás que irreversível foi passando,
Deixando as marcas dum avatar vivo e marcante!
E das lembranças que me afloram palmo a palmo,
Tiro estas liras que declamo como um salmo,
A reviver minha passada mocidade!
E não podendo mais voltar no meu caminho,
Olhando o rio e relembrando o antigo ninho,
M! alma chora neste canto de saudade!
Nelson de Medeiros