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Thamiris Zanin

AS DUAS FACES DO EU.

Um dia me sinto chuva na grande seca,

no outro uma devasta enxurrada.

Como pode alguém se afogar na própria sede?

Costumo cair em grandes promessas que resultam nas mais dolorosas dívidas,

me tornei tudo à vista e nada a longo prazo,

como pode alguém se sentir reciclado?

E se parecer contraditório o que expresso aqui,

são as duas faces do eu que gritam meu próprio nome.

Sou apoio com grandes rachaduras,

inquietude não móvel no colchão,

gelo na palma da mão em um dia ensolarado,

manifesto artístico da mais singela opressão,

são as duas faces do eu que gritam meu próprio nome.

Sou o brilho da noite e a sombra do dia,

flor e espinhos,

o choro que expressa tristeza em um dia de alegria,

Orgulho e decepção,

o martelo que vai ao dedo e o band-aid como sugestão,

as mais distintas conexões,

a perdição na busca do encontro,

e o silêncio em meio a bagunça.

Se parecer contraditório o que expresso aqui,

são as duas faces do eu que gritam meu próprio nome.