Os dias são marcados
Pelo calendário da vida:
Há dias de calmaria:
Céu límpido e azul
No Norte, Nordeste e no Sul;
Há dias de tempestade.
Estes tempos de agora
Só ao insano,
Ou ao parvo que vive no engano
Deixam saudade.
Saudade se tem com efeito,
Dos tempos idos,
Perdidos
No sonho de outrora
Quando a esperança
Dava guarida
Ao peito,
E podíamos dizer à criança:
Tem esperança.
O futuro lhe será risonho.
Não tolhirão o seu sonho.
O sonho se desfez
Nas cinzas destes turbulentos
Dias :Crueis perversos e cruentos,
Onde há incerteza quanto ao futuro,
Uma saída com extensos muros,
Furos da estupidez que de vez
Nos abate,
E bate
Forte no peito,
E não há jeito
De o pai de família, seguindo a triste trilha
Da fome fugir do vento do desespero.
Pobre povo brasileiro
Que bebe agora
A cicuta, no amargo trago
Do sofrimento!...
Não tem pão, come osso,
Ou se atira ao caminhão
Do lixo , na terrível senda do momento,
Enquanto os bilionários
Do Brasil colosso,
Na gula seus tesouros consomem,
Se esbaldando na gastança ,
Enchendo a pança
Da mais rica iguaria
A população passa fome!
Tenhamos uma certeza, porém:
Os dias cruéis, perversos e cruentos,
Como uma tempestade, furacão,
Ou forte vento, na verdade vêm,
Fazem tremendo estrago,
Mas logo se vão embora,
Retorna a calmaria!