Com estas reflexões não estou disposto a levar água ao moinho dos nossos descontentes da vida, dos pessimistas; ao contrário, no tempo em que a humanidade não se envergonhava ainda da sua crueldade, a vida sobre a terra era mais serena e feliz do que nesta época de pessimismo. O sombrio do céu cresce em proporção da vergonha que o homem experimentou ante à visão de outro homem. O olhar pessimista e fatiado, a desconfiança no enigma da vida, a glacial negação ditada pelo enfado, não são os sinais característicos daquela época cruel da humanidade; ao contrário, só aparecem à luz do dia como as plantas de charco que elas realmente são, quando existe, charco ao qual elas pertencem; refiro-me à feminilidade e ao moralismo doentio que ensinou o homem a envergonhar-se de todos os seus instintos.