Nelson de Medeiros

MENOS VINTE...

MENOS VINTE...

 

Se menos vinte eu tivesse agendado,

Se o teu tempo por raro sortilégio,

Sem feitiço, mandinga ou sacrilégio,

Pudesse no meu ser vivenciado;

 

Se Cronos, Deus do presente e passado

Resolvesse, num raro privilégio,

Retrocedê-lo em doce florilégio,

Eu pararia os tempos num só lado!

 

Meu verso soaria a violino

Embriagando-te, qual vinho fino,

Na dança da paixão e do desejo!

 

Mas, sem tempo sem sonhos e esperança,

Resta apenas, meiga e doce criança,

Versejar a saudade do teu beijo!

 

Nelson de Medeiros