MENOS VINTE...
Se menos vinte eu tivesse agendado,
Se o teu tempo por raro sortilégio,
Sem feitiço, mandinga ou sacrilégio,
Pudesse no meu ser vivenciado;
Se Cronos, Deus do presente e passado
Resolvesse, num raro privilégio,
Retrocedê-lo em doce florilégio,
Eu pararia os tempos num só lado!
Meu verso soaria a violino
Embriagando-te, qual vinho fino,
Na dança da paixão e do desejo!
Mas, sem tempo sem sonhos e esperança,
Resta apenas, meiga e doce criança,
Versejar a saudade do teu beijo!
Nelson de Medeiros