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Claudio Reis

ATÉ ONDE OS OLHOS PODEM ENXERGAR

Olhos que enxergaram o que era novo e hoje é antigo
Mãos que escreveram no verso de um cartão postal
Registros de emocionantes descobertas em lugares
Longas cartas que continham a saudade das paixões
Sobre o piso dos salões dançaram juntos moças e rapazes
Ao som dos conjuntos os rostos colados,  tremiam corações
Quantas mudanças! Transformações num breve tempo
Passou tudo tão rápido quem nem deu p\'ra perceber
De manhã éramos jovens, pela tarde veio o envelhecer

Por onde estivemos andando de cabelos compridos
Alegria escancarada, Jeans desbotado e
Boca de sino
No álbum de fotografias lembranças de uma juventude
Marcas que ficaram, lindos sonhos que pudemos ter
O escurinho do cinema é a recordação que mais dói
Éramos unidos nas aventuras somadas ao romantismo
Nossas gostos, ideias e vontades eram os mesmos
Fizemos da vida poesia! Assim fomos e seremos

Em cada dia vivido mais distante fica o olhar
Conseguimos num flash enxergar onde estivemos
Até mesmo sentir a emoção daquilo tudo que fizemos
Noites em claro vendo estrelas no céu até o amanhecer
Sol que arde, orvalho que derrete e aquela pressa de viver
Mas agora já estamos como os nossos ancestrais
Andamos devagar com a vida tendo saudade de nós mesmos
Queremos parar o tempo e sorrir p\'ra vida, o bem fazer
Intensamente viver os últimos dias do resto de nossas vidas
Regar flores no Jardim, colher os frutos,
Deixar acontecer.

Cláudio Reis