Peço-te, amor
que no momento em que me vires chorar
lembra-te de que hoje, ainda é muito cedo.
Permita-me então
que eu te enfraqueça pelas lágrimas
apenas desta vez e talvez, nunca mais.
Não queira que a tua lembrança
colonize-me feito pedra
pois se endurecida, solidifica-me também
toda a essência.
Demando-te em cascata,
cerimoniando-me a curva dos olhos
desaguando na virgem face, a contrição
- quase que como a um benzimento -
Livra-me o constrangimento do falso riso,
pois hoje eu te rio, cachoeira e oceano
todos eles, em salgado pranto.
Então, deixa-me aqui,
que por este sal te liberto.
E quem sabe assim
amanhã, eu volte a ser melhor para mim
somente por não te ter tão dentro
e deserto.
Lucy Mara Mansanaris 2014
Imagem: Google