Digitais da Alma

POEMA DO AMOR PRĂ“PRIO

 

Peço-te, amor

que no momento em que me vires chorar

lembra-te de que hoje, ainda é muito cedo.

 

Permita-me então

que eu te enfraqueça pelas lágrimas

apenas desta vez e talvez, nunca mais.

 

Não queira que a tua lembrança

colonize-me feito pedra

pois se endurecida, solidifica-me também

toda a essência.

 

Demando-te em cascata,

cerimoniando-me a curva dos olhos

desaguando na virgem face, a contrição

- quase que como a um benzimento -

 

Livra-me o constrangimento do falso riso,

pois hoje eu te rio, cachoeira e oceano

todos eles, em salgado pranto.

 

Então, deixa-me aqui,

que por este sal te liberto.

 

E quem sabe assim

amanhã, eu volte a ser melhor para mim

somente por não te ter tão dentro

e deserto.    

 

 

Lucy Mara Mansanaris 2014

Imagem: Google