Marcelo Veloso

RESSUDANDO POESIA

 

Entre o exercício da escrita,

e o escoar da rima,

o encantamento, então, edita,

o que a inspiração estima.

Assim, a letra conjuga,

criando um clima,

no que a voz enxuga,

e o versejar anima.

 

Faz da sílaba um adereço,

num ajuntamento da caligrafia,

para que a harmonia tenha o endereço,

no transudar da sinfonia.

E nessa transpiração de regozijo,

vale a máxima da autonomia,

retirando a umidade do esconderijo,

fazendo, com isso, suar poesia.

 

Pelos sinais nos poros da pele,

um veio d’água vira verso,

deixando que a ode revele,

um encharcado horizonte emerso.

E, no trocadilho da exsudação,

a marca temperatural extenua,

arredando do verbalizar da indicação:

- Sua, poesia! Poesia, sua!