FELICIDADE
Sua carta foi sugestiva, mas inesperada...
Nunca pensei que estivesse assim, tão amargurada!
Escuta, será que você sabe mesmo o que é felicidade?
Eu sempre a trouxe comigo desde pequeno. Posso contar:
Felicidade – e isso já sabemos – não é de se comprar.
Às vezes nem é ter um amor de verdade...
Conheço muitos que a buscaram na ilusão,
ou, como queiras, na desmedida paixão
entre um beijo apaixonado e uma taça de vinho...
Existem aqueles que a procuram na natureza,
isolados do mundo, na firme certeza
de que é este é o verdadeiro caminho...
Mas, eu lhe digo que ela não está na paixão desmedida,
muito menos na emoção infrene, incontida
que só traz dores, amarguras, desilusões...
Também não se perdeu, embora nossa distância,
pois, os bons momentos vividos com constância
ainda dormem em nossos corações!
Para mim ela é a divina centelha
que descida do céu sempre espelha
esta afeição de benesses repleta!
Por isso felicidade em meu conceito,
é trazer como eu trago, imantada no peito,
toda a ventura de ser poeta!
Nelson de Medeiros