No breviario da vida,
A liberdade é tolhida
Por regramentos e peias
Que limita-nos
Procedimentos e condutas.
Sou prisioneiro de mim mesmo,
Pássaro que anseia a amplidão,
Espaço livre pra voar,
Mas que preso a batalhas irresolutas,
A gaiolas medonhas, toscas, feias,
Se debate na prisão
De convencialismo,
No abismo
De tantas leis, regras,
Normas e poucos direitos
Se não tem como pagar o preço
Pela tão sonhada liberdade!
Tomo do cálice amargo e cruento ,
O fel da alma
Nesta selva de pedra
Em que habita o homem,
A pior das feras, a mais temível,
O mais crudelissimo animal
Que nos espreita
Pra nos cravar as afiadas
Garras no coração.
Sem aforismos ou metáforas,
Vou tentando desfiar
O novelo,
Sem entretanto conseguir desatar
As amarras.
E nessa tormenta, me perco
No emaranhado
De pensamentos conflituosos.
No dilema que me assalta a razão ,
Às vezes penso qual
Jacques Rousseau
O autor do Contrato Social
Que \'o homem nasce bom,
Honesto, a sociedade o corrompe\'.
Tal assertiva dialéticamente
No tom
De amistosidade,
Precisão e eficiência,
Não se rompe.
Mas observando condutas
Do bicho-homem ,
Concorda-se em gênero,
Número e grau com Thomas Hobbes,
Na sua obra colossal
O Leviatã.
Esse ser terrível,
0 homem ,
Ê o lobo do homem \",
A terrível fera
Que na encruzilhada
Da vida nos espera,
E que domina,
Destrói e escraviza
O próprio homem
Na ânsia do vil metal
Mais e mais abocanhar,
É um ser mau por excelência.
No breviario da vida,
A liberdade nos é tolhida
Quando nos impõem
Demasiadas regras e amarras,
Limites e freios de condutas.
Tomo das minhas algemas.
Não posso fugir,
Por mais que interponha estratagemas.
Sou prisioneiro de mim mesmo,
Um recluso de convencialismos sociais,
Preso às masmorras da sociedade
Que impunha suas regras
De como conviver
Com os cidadãos
Nas metrópoles, nos povoados,
Nas grandes e pequenas cidades,
Selva de pedra que o dito ser
Humano transformou.
Sou o pássaro às vezes solto, livre,
Galgando espaços ínfinitos,
E às vezes voltando à gaiola
Onde o malvado dono me trancou !