Ah, se já me perdi na poesia, a fora
Se o verso é triste e o poema chora
Como agora hei de poetar sem ferir
Se, ao versejar, sonhei, tive delírios
Me calei, também sorri, martírios
Vivi. Me diz, como e para onde ir
Se só, na solidão de noites sem fim
A prosa, dolorosa, ah! ai de mim!
Me diz com que poética devo seguir
Se os versos escoaram da imaginação
Se cada uma inspiração se foi em vão
E a sensação enclausurou e se perdeu
Como, se na desordem deste coração
O desejo laça cada trova de emoção
E o meu verso, cego, suspira no breu
Como se a expressão ainda é de amor
A rima inda está na haste de uma flor
Me diz com qual cio eu vou pungir
É, acho que neste canto perdi a conta
No faz de conta, ignoto, a alma tonta
Nua, me conta como hei de me acudir
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02 setembro, 2021, 14’29” - Araguari, MG
copyright © Todos os direitos reservados.
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
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