Para quê tanta pressa?
Meus passos já não me levam,
não me deixam, poucos são meus sonhos.
Só essa vida de arremedos e lembranças.
Meus caminhos ficaram por aí.
Perdido, vou caducando paulatinamente!
Descobrindo minha aridez, meus desertos.
Quanto tempo perdi! Quantos amores deixei!
Porque sempre sonhei, sonhei demais,
deixei passar muito tempo, entre delírios e medos.
Agora, não mais!
Foi-se os tempos do caminhar altivo, despreocupado.
Sempre havia vida para viver!
Esses jovens não tem medidas, podem tudo!
... agora descobri como a vida foge!
Restam lembranças!
Por quê sempre pensamos,
pensamos as piores coisas do passado?
Raramente me entretenho com os amores,
amores que vivi!
Retoca-me esse andar fatigado,
resistindo as intempéries desses tempos.
Inexorável tempo de angústias, de saudosismo.
Sou velho, não terei mais a mocidade, nem vida!
Tenho minhas lembranças entre leituras,
entre poesias vou consolando minha velhice.
Esperando, inútil, entre vazios.
Passarão por mim ruídos de tempos que já vivi.
Passarão amores na contramão...
Tão distante ficaram meus anseios,
nessa juventude distante, ficaram!
O tempo não premia nada,
deixando-nos um caminho sem volta!
Franzindo nossos dias vagarosamente,
entre tempos acelerados.
Assim passarão meus dias!
Já não corro atrás da vida!
Enganar o tempo é o que posso,
nessa árida estrada da vida que resta!