Em tempos fui um alcoólico
Não andava muito católico
Só fazia disparates
E andava nos engates
Percorri Portugal de lés a lés
Para ver se me distraía
Mas tinha de contar até dez
Para perceber por onde ia
Só pensava no copo de vinho
Que bebera em Vieira do Minho
E não me esqueço do Algarve
Quando bebi que nem um alarve
Dei por mim todo dormente
E a pensar constantemente
Naquela situação
Já que nem no verão
Dava ao copo uma folga
Só o que me empolga
É pensar no vinho
Descuidei o ninho
Que estava por um fio
E o meu mundo
Que já estava no fundo
Não podia arrastar
Aqueles que deveria amar
Com a tua ajuda
Curei esta dor aguda
Que consumia toda a energia
De noite e de dia
Sou uma nova pessoa
E grito até que a voz me doa
Salvaste-me do abismo
Resgataste-me do sismo
Puxaste-me das lamas
E tiraste-me das chamas