Marçal de Oliveira Huoya

Amanhã

E assim que termina a novidade

O brinquedo se torna relíquia

Diminui a curiosidade

Enchem-se as mãos de dedos

Vestem-se de luvas de pelica

E intimida, e melindra Sade

A coisa vira cuidado

O instinto se esfria

Não cabe mais a fantasia

Fica justo e apertado

O amor diz com licença, por favor

Se preocupa com as aparências

Pede desculpas, diz obrigado

Já não é tão mal-educado

Uma mudez de reticências

Mesmo que todos os dias

Sejam iguais

Como é que pode se dizer

Não, não é como se faz

Aliás, é o estranho que se vê

O egoísmo compartilhado

O primeiro eu depois você

De sangue quente a sangue frio

É melhor deixar o relicário vazio

Para o antigamente amanhecer...