Hébron

Crônicas de realidade

 

A origem, não me lembro 

Ignoro o sentido do universo 

Os incontáveis números 

O tempo eu não compreendo

Nem ao menos os séculos 

De um sopro surgiu o verbo

Fantasia, poeira de estrelas 

Poesia, crônicas de realidade

São versos de humanidade

Palavras, frases, incertezas 

Alvorada de dias de cada magia

De todas as manhãs, esperança 

Surge o raiar de um novo dia

Gérmen do trigo, uma criança 

Choro, tenra fala da inocência 

Passos, passinhos da vivência 

Brincadeiras, descobertas, dor

Aprendizado, carinho e amor

Caminhada  a que se destina

Trajetória da inexorável sina 

Vida seguindo a reta ou desatino

Rumando ao desafio vespertino

Maturação e aprendizado

Em cada impulso, em cada triz

Tempo-mistério, indefinível

Pulso de um Deus sagrado

Tempo, pedagogo implacável

Ensejos para ser mais feliz

Um labirinto em torvelinho

Das mãos de Deus o carinho

E essa estrada que não espera

Arrebata, absorve, impõe e impera

Somos sementes prontas ao brotejo

Mas a escolha se sobrepõe ao desejo

E nos caminhos a semeadura, não ao acaso

A espera do belo por do sol, do ocaso

Onde à clemência depoja-se em pó

Alimento da terra não importa a idade

Com sorte, inocência ou maldade

A morte, o antissopro de todo respiro

Acolhe muito além do derradeiro suspiro

Sensação de dó, sensação de estar só

Retorno à fonte do mar

Ao que se deve esperar

Tombam-se o homem, a criança, a mulher

Realmente, não importa qual seja sua fé

Um chamado do chão

Tomba-se o ancião

De um sopro surgiu o verbo

Fantasia, poeira de estrelas 

Poesia, crônicas de realidade

São versos de humanidade