De que vale um xícara em cacos?
Um espelho completamente tricado?
De que vale tanto sentimento e palavras
Se o coração está em pedaços?
Estou jogado ao mar das incertezas
Com tudo e nada a minha frente
Enxergando nada mais que névoa
A névoa da impotência, da covardia do destino.
Sou partituras de Vivaldi
Sou verão quando há inverno
Sou inquietação na primavera
E tudo são folhas secas no verão.
Eterno escravo de vontades perversas
De escolhas sem sentido
De ações inapropriadas
De letras que mudam e de versos graduados.
Esquecido na gaveta, sou brinquedo
Julgado por todos, sou mulher de ervas
Acatado pela corte, sou seu bobo
Dono de todos os sons, sou extremo silêncio.
Amante de metáforas, mas completo paradoxo
Quem me vê, me lê, me classifica
E quem é o dono da verdade?
Quem pode me dizer o que sou?
Um ajuste ou aprimoramento
Controle, prisão
Pequenas mudanças não significam o novo
Submissão, cópia, não os ouça.
Já não tomo mais um café,
Não me vejo no espelho,
Já não escrevo, pois não sinto,
E de amores arrasadores não dou mais correspondência.