Com os olhos fechados
As portas pareciam falar, na verdade falaram,
pedindo para que eu saísse...
Fui com os meus olhos fechados,
por não ter pressa de chegar,
parava e me sentava, em cada estação.
Atravessei mares e multidões,
cansada da maresia, fui para as serras,
fui esconder os meus sonhos com zelo,
um a um por trás das montanhas.
Depois de resgatá-los da ilha dos segredos
onde os deuses eram proibidos pisar.
Dali não se podia perceber os meus medos,
a falta de esperança, era um oceano,
na fragilidade e insegurança, disfarçados
de muita coragem, aquilo me animava.
Belo mesmo, era a rara simplicidade.
Triste, por lá, era perceber a vaidade invadindo
as almas que sem sossego iam de um lado
para outro sem cessar.
Assim só, permaneci, no recanto dos ventos,
pois somente eles, por lá, conseguiam chegar.
Imutável mesmo era o amor, tranquilo dormia,
sem se preocupar, fazendo cumprir o destino
... de amar, por amar.
Porque o amor já nasceu teimoso, esperançoso, feito
uma criança feliz por engatinhar, depois os seus
primeiros passos, para a sua mãe encontrar.
Liduina do Nascimento