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Ana Pinatti

Minhas botas pensantes

Deixei minhas botas no canto do meu quarto

Bem atrás da porta,

Onde o sol não bate e o vento nunca sopra

Não ficam muito tempo por ali

Logo o dia amanhece e a velha rotina se repete

Calço minhas botas,

Preciso apreciar um novo dia amanhecer

Ver o sorriso do sol voltar a me aquecer

Nem sempre é assim,

As vezes o sol insiste em se esconder de mim

E o vento parece não querer tocar meu rosto

Mas isso não me assusta, talvez não mais

Porque sei que se por algum motivo

Não conseguir mais alcançar o brilho do dia

Você virá para me trazer uma noturna alegria

Talvez queira me mostrar a lua e as estrelas,

Talvez queira me deixar criar uma nova história

Isso não importa, as possibilidades agora são infinitas

Esse vasto mundo se tornou pequeno

As ruas não tem fim e o corpo nunca cansa

Posso até me perder em uma ridícula dança

De repente ouço um barulho, acordo assustada

Inclino minha cabeça para o lado

Minhas botas estão lá, elas sempre estiveram

Que tristeza, quase não me atrevo a pensar

Elas nunca viram um majestoso luar

Nem mesmo a beleza de uma noite brilhante

Ou a riqueza de se ter uma mente viajante.