MariaLandim

Quando não há retorno...

... e,
aquela menina moça 
então aprendeu a contar
esperando o \"DIA D\"
contou anos
Contou meses
Contou dias
Contou horas
E minutos
E até todos os segundos
Ela não deixou de contar... 

... e os quinze anos de encanto
se foram... 
se foram em brancas nuvens...
Ficou parado...
No tempo...
Não pode, 
Mais, 
ela...
Sonhar! 

E hoje
Vão-se os dezesseis também 
A pandemia lhe impõe: 
para comemorar o seu  niver
Não podes convidar ninguém 

... e o seu vestido de gala
Feito à mão, 
com muito zelo 
Crivado de pedrarias
Adornado com magia 
Muito sonho e esplendor!?!?
Pendurado no cabide 
A espera!... 
à espera 
ele ficou!!! 

E aquele salão de festas?
Que seria decorado
Com requinte e cores vibrantes?
Comida bem variada
Gente linda
Bem trajada
Juventude hilariante? 

A doce menina moça 
Na sua cama se atirou
E por horas e horas a fio
Aquela menina
Chorou!!!! 

Mas 

Não! 
Não se trata
De uma pessoa qualquer... 

Da sua cama pulou
Abraçou-se a si mesma
Olhou-se no espelho
E para a sua frente mirou
Se aprumou 
Enfrentando \"esse novo\"
Como \"esse novo\" requer 
Ela 
sim senhor! 
Com muita propriedade
\" o novo novo\"
Enfrentou... 

Forças ela arrumou,
da sua avó, 
Que é hoje uma estrelinha,
Naquela hora, 
Talvez ela se lembrou: 

\"_Sobre o leite derramado 
Não há mais o que fazer\"
\"_O que não deu...
Não deu...
Não adianta agora,
Tantas lágrimas verter\"
\"_Levanta, dá volta por cima
Siga em frente
Vá...
Caminha\"!!??!!... 

A vida tem suas perdas
E tem os seus ganhos também.. 

De inteligência singular 
Dia D que não ocorreu?
Não!
Ela não o esqueceu!
Não há como esquecer 
Tamanha ocasião! 
Sabiamente processou 
E carinhosamente o guardou
Na fértil imaginação 
E nos guardados
do fundo do coração.

MariaLandim

16.-05.-2021