Canto como quem chora as noites abertas.
E tenciono como quem aguarda um sopro.
Tenciono o lábio com amargos dizeres:
Eu sonho como quem espera ouvir-se sonhar
Eu canto como quem esquece, da dor do homem.
Dentre os dentes do teu sorriso esforçado,
Esgueiro-me como amaldiçoada reflexão dos teus desejos
E dedico aos teus dedos espalmados, uma música
Deveras da noite dona, que deixa de lado o pudor
Para a ti cantar,
Eu ergo-me ao salto,
Querido, amado...
Canto como quem ama,
Esses teus olhos em mim.
Como se mostra uma criança
Revestida de maturidade aos pais?
Não se entendem como adultos
Visto que sou para ti, como criança é para os pais
Nada sou então, além da saia e dos versos mal cortados.
Estrelas sobressalentes no páramo do meu sonho
Eu canto como quem espera um dia ser ouvida
Por alma que entenda o canto de não dizer nada
E mais do que dizer nada, tenha-me como os olhos que tenho a ti
É decerto que o amor não preenche versos,
O que preenche, é o que o amor lembra
Quando eu sonho pensando alto, eu sinto cheiro de grama
Quando penso na tua figura, eu fecho-me como crisálida
E teus olhos baldios, como quem esconde a bagagem dos sentidos
São reminiscências, e lembram deveras o cheiro de chuva a banhar
Uma criança, que corre como quem ama, e ambiciona ser este o Deus único.
Elisa