Jose Fernando Pinto

A criança de outrora

Ontem, caminhando pelas ruas do bairro, me deparei com um pé de amora. Naquele instante, como se por encanto, a saudade de outrora tomou conta de mim, como se naquele pé de amora, eu estivesse agora, muito perto do fim. Me sentei sob sua sombra e puxei pela memória um pouco da minha história, dos dias em que a criança em mim dirigia o meu viver.

 

Sentado ali sob o pé de amora, eu sorria sozinho, ao lembrar com carinho de tudo que atravessei, já fui passarinho, já fui rei, fui uma criança feliz, escalei pé de amora, risquei muro com giz, e agora, sob o pé de amora, da lembrança de outrora, descobri que eu fui um grande aprendiz.

 

Foi ali sob o pé de amora que recordei como aquela criança enxergava a vida, sempre de forma positiva, colorida, e mesmo quando as coisas não iam tão bem, a vida naquele vai e vem, nunca desestimulava ou desanimava a criança de outrora.

 

Foi sob a sombra da amora que eu me lembrava da firmeza, da gentileza, da esperança e certeza de que a vida é sempre um presente. O passado é importante, o futuro distante, mas o aqui e agora, talvez um pouco ácido como o fruto da amora é o nosso grande presente, então quando você se cansar, pare um pouco e se sente a sombra do pé de amora, mas não desista da melhor expectativa, concentre no aqui e agora e então viva!

 

Viva o presente, o momento, a alegria de estar vivo! Os percalços virão, mas também passarão, e um dia quando você pensar em outrora, com certeza vai sorrir, e ao se lembrar do pé de amora, o seu dia certamente vai florir.

 

Jose Fernando Pinto