É muito difícil,
mas, não é normal,
encarar a diferença,
combater a descrença,
resistir à desavença,
conviver com o desigual.
Se as aparências enganam,
logo o sentimento esvai,
desconforta o apego,
estabelece o dessossego,
desbanca o aconchego,
o coração retrai.
É muito difícil,
mas, não é simples assim,
refazer-se da postura,
ter uma sensação segura,
que a sinuosa brandura,
pode, uma hora, chegar ao fim.
Se há males que vem pra bem,
logo a bonança urge,
o erro, então, evapora,
a tristeza vai embora,
a alegria se aflora,
e, de novo, o amor surge.
É muito fácil,
mas, não é tão comum,
ser sereno e prestativo,
disposto, sagaz e ativo,
pra viver no coletivo,
sem se sentir como mais um.
Nem tudo são flores,
e o barato sai caro,
quando se tem na mesa a decisão,
com a incrível compreensão,
de que a lhana opinião,
não tem qualquer amparo.
É muito fácil,
ao silêncio recorrer,
quando, esticando a correia,
a vontade vagueia,
e na cabeça incendeia,
O pavio do arrepender.
É muito difícil,
quando não se acha nada tão fácil.
É muito fácil,
quando o difícil passa a ser grácil.