Perco os melhores poemas enquanto mastigo o pão
entro no devaneio das preciosas palavras
os jogos indecentes das melindrosas
- Para quê?
Não me recordarei depois…
E, enquanto mastigo a massa cozida, coesa, comprida
invento canções e alaridos
das rimas sou o anjo cupido
e não há caneta ou papel
nem mesmo azeite com mel
para celebrar a poeta
- a poeta que sou lá!
no mundo onde ninguém me vê
na escuridão das intempéries
no exausto labor do encontro
de tudo o que poderia vir
e nunca veio
de tudo o que poderia ser
e nunca é
com tempos verbais débeis
ou verborragias
com lacunas e frestas
com enfeites ou peças
nada existindo outra vez
e o pão escorrega seco goela adentro
… talvez ele encontre os versos em mim
que eu...
eu ainda não encontrei.