Às vezes quero me ocupar em ser ignorante
Fechar os olhos bem apertados
- Não quero enxergar. Não quero ver. Não me mostre!
Desejo apenas dormir
- Deixe-me dormir, cochilar ao menos.
Desperta do sono eu não sonho com ilusões
- E só aguento iludir-me: mais um pouco, um pouco mais.
A pena de não escutar
De não ver
De não agir
Apenas ser
Dormente que seja
Apenas ser
Doente que esteja
Apenas ser
- mais pouco
fora de mim.
Despisto-me
Despeço-me
Debruço-me
Em ideias e em ideais
Socorro presente dentro das minhas margens
Não almejo alcançar o âmago
Não desejo entender a vida
- não quero me ver!
Apague, apague a luz
É urgência
Pungência
Indecência
Somados no corpo
Somatizados na alma
Não! Não me esconda as ilusões
Ao contrário: entregue-me todas
Enquanto o medo me abate
Elas são as únicas capazes de me consolar...