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Adriele Bernardi

Para sempre Lily

Para sempre Lily

 

Ali estava ela, muito mais do que uma menina

suspirando na janela, contemplando uma rosa fina.

Um sorriso oblíquo e distinto, ela iluminava ao redor,

Mesmo vivendo em absinto e respirando o pior.

Seus sonhos foram queimados nas chamas da realidade

Aquela que mata os diferenciados e suprime a felicidade.

Um lugar sombrio nunca foi digno de tê-la em seu recanto.

Aquele olhar vazio nunca representou o verdadeiro pranto.

Ela buscava cores no preto e branco, tentando se segurar

Ia no deserto e buscava flores, apenas para não desmoronar.

A vida pode ser muito cruel e finais felizes não existem,

Não deveria olhar para o céu e acreditar naqueles que resistem.

Resistindo a uma verdade dura, gélida e cortante, sem leito.

Fazendo escura a lua e quente o Sol que iluminava o parapeito.

 

Ali estava ela, agarrando as bordas do seu barco de papel

navegando nela, e se afogando

As estrelas que outrora lhe cantavam, agora estão caladas

A relva vinda da aurora encontra-se apática com folhas geladas.

Nenhum arrepio, nem do sustenido de uma flauta arrebatadora.

somente frio, a estiagem da realidade congelando a alma sonhadora.

Tão sozinha em meio as suas canções, tão esquecida pelas obrigações

Ela sufocou suas artes e aspirações, pois fizeram-na acreditar em rotulações

Rótulos que fazem da arte algo desnecessário e os sonhos estúpidos

Melhor é ralar a pele no calvário em busca de sucessos abruptos.

 

Ali estava ela, dia após dia

Uma menina solitária tentando a alegria

Ninguém lhe segurará quando cair-se-á, ou lhe abraçará

Mas ela tenta se sustentar, se prende ao que criará.

Ela escreve poesia, canções e olha as estrelas a noite

Apenas pelas próprias emoções, aliviando o açoite

Mesmo com lágrimas nos olhos, Lily busca sobreviver

Mergulhando em tintas e sonhos, seu lítio de viver

Uma menina adorável, mas esquecida, um ser invisível

Apesar de toda a sua luz garrida e de sua coragem temível

Ninguém a encoraja, ninguém a fortalece ou lhe acalma

Mas, sem que alguém o fizesse, limpa sua alma.

Ela tenta sozinha, ela por ela, abraçando o mundo inteiro

Porém na calada noturna, só no escuro, sente a dor no peito.

 

Ali estava ela, a flor mais esbelta a florescer

Uma rosa bela, brotinho tentando se esconder

Pois ensinaram-lhe que sua luz de nada valia

Sua inocência nenhum bem lhe proporcionaria.

Seu encanto sufocado poderá ser resgatado algum dia

E, quando este chegar, o paraíso se encherá de muita alegria

Já que ela não desistira de si mesma e tentava resgatar o dela

Em cada alvorecer, inspirava o solar e absorvia a brisa amarela

Então apanhava uma flor no seco jardim e secava as feridas

Sussurrando jurava, para sempre Lily seria, em todas as vidas.