Jucklin Celestino Filho

ABUTRES, DEVOLVA-NOS A ESPERANÇA

É  triste, nevoento,

Os dias que passamos

No céu pejado de tristeza --

Nuvens pesadas

Toldando o horizonte brasileiro:

Tormento, aflição,

Incertezas quanto ao futuro,

Fome, desemprego, inflação,

Mortes, misérias  e pobreza!

Abutres, devolva-nos a esperança,

Que ver-se- a   a multiplicação 

Dos paes na mesa dos pobres,

Porque na mansão 

Dos ricos, dos nobres,

Ver-se a mesa farta -- banquetes,

Frívolos desfrutes,

Ostentação de grandeza 

No joguete 

Que impunha a classe abastada

Que mais e  mais

Enriquece explorando 

Quem trabalha!

Mas não nos entreguemos

À pusilamidade!

Vamos à batalha ,

Gente humilde,

Simples, ordeira, honrada!

Não  pePermitindo que abutres

Continuem espreitando à nossa volta

Para roubarem às crianças

O pão,  o alento!

E não contentes,  dos pais furtarem

O emprego, a alimentação,

A dignidade,

E da familia, o sustento!

Reajamos, não permitindo

Que os abutres 

Continuem a espalhar

A dor, a desolação!

E ainda mais lucrem com a morte,

Da qual faz sua consorte 

Na  macabra associação 

À qual se alinharam aos demais

Da  confraria de cretinos!

De sorte,

Que devolva-nos a esperança,

Porque o povo brasileiro

Não é repasto de bovinos!