É triste, nevoento,
Os dias que passamos
No céu pejado de tristeza --
Nuvens pesadas
Toldando o horizonte brasileiro:
Tormento, aflição,
Incertezas quanto ao futuro,
Fome, desemprego, inflação,
Mortes, misérias e pobreza!
Abutres, devolva-nos a esperança,
Que ver-se- a a multiplicação
Dos paes na mesa dos pobres,
Porque na mansão
Dos ricos, dos nobres,
Ver-se a mesa farta -- banquetes,
Frívolos desfrutes,
Ostentação de grandeza
No joguete
Que impunha a classe abastada
Que mais e mais
Enriquece explorando
Quem trabalha!
Mas não nos entreguemos
À pusilamidade!
Vamos à batalha ,
Gente humilde,
Simples, ordeira, honrada!
Não pePermitindo que abutres
Continuem espreitando à nossa volta
Para roubarem às crianças
O pão, o alento!
E não contentes, dos pais furtarem
O emprego, a alimentação,
A dignidade,
E da familia, o sustento!
Reajamos, não permitindo
Que os abutres
Continuem a espalhar
A dor, a desolação!
E ainda mais lucrem com a morte,
Da qual faz sua consorte
Na macabra associação
À qual se alinharam aos demais
Da confraria de cretinos!
De sorte,
Que devolva-nos a esperança,
Porque o povo brasileiro
Não é repasto de bovinos!