Agora
Que chegam as chuvas de aluvião
Obrigando a represa do medo e da morbidez
A abrir suas comportas lentamente
Claro que não sem a aridez
Da gente a quem a luz incomoda
Dos que afagam a escuridão
Os que repetem tolamente as palavras da moda
Assim como a natureza sempre fez
Desde muito e muito antigamente
O rio vai voltar a seguir o seu curso
Em seu leito natural, naturalmente,
Na sua missão ancestral
Do instinto e do impulso
Murmurando vida por suas margens
Pintando de verde o que é vivo
E o que é livre, em sua viagem
Porque tudo o que esse rio beija, vive
Agora é urgente que a juventude transborde
E se derrame, e inunde e se espalhe
Tudo que a vida grita e tem pressa
E explode
Porque o tempo é curto
E não regressa...