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Fração de Tempo

Cada geração com seus proveitos

Primeiro teve a Geração de Ferro, 
que aprendeu a pegar ferramentas e a fabricar tijolos. 
Enfrentou, superou guerras e precariedades. 
Inevitavelmente, construiu pontes e muros. 

Depois foi a vez da Geração X, 
que fez pouco uso de ferramentas, 
pegou tijolos prontos e os empilhou para expandir os muros. 
Com o passar do tempo, descobriu que podia também derrubar outros muros. 

Então veio a Geração Y, 
que mal pegou ferramentas e assistiu máquinas fabricando tijolos. 
Não obstante, se viu cercada por muros ideológicos e até achou por bem subir neles. 
Com os ventos da mudança soprando de leste a oeste, deu-se início aos conflitos de geração. 

A Geração X já não se dá bem com a Geração Y, 
que muito menos consegue acompanhar a Geração Z, pois esta, já não corre, voa. 
E se a Geração Y não sabe como se fabricam tijolos, 
não faz questão de ouvir a Geração X, não tem o que ensinar à Geração Z. 

Está crescendo a Geração Z, que mal chegou a ver ferramentas, 
sabe que as máquinas constroem muros a partir de desenhos em 3D 
e que é mais útil viver cercada por muros digitais, 
nem que seja do tipo visual de wallpaper. 

Vem por aí a Geração Cristal (derivada da Geração Z) 
que já nem pode atravessar os muros condominiais, 
mas é provável que vá conseguir sobrevoá-los, 
pilotando modernos drones leves e quase invisíveis. 

Em tempo: em questão de uma década abriu-se uma lacuna entre as Gerações, 
fazendo aumentar um pouco mais a distância entre interesses comuns. 

Eis que chega a Geração Alpha, cujo desafio é transpor os muros tecnológicos, 
seja por conexão remota, seja por construções físicas, com ou sem tijolos. 
Cabe ainda, reconstruir as pontes de relações interpessoais, 
ora degradadas pela modernidade. Esta será uma Geração 100% digital, 
mas que terá de aprender a atravessar fronteiras para chegar a um futuro “concreto”. 

Concreto, neste caso, sem o uso de trocadilhos com tijolos ou muros.