Quero, uma vez mais, navegar entre praias desertas,
procurando o seu olhar, a sua impertinente mirada.
Quero, uma vez mais, sentir a brisa refrescar meu corpo,
nesse navegar ao seu encontro, prisioneiro dessa paisagem.
Quero, uma vez mais, buscar no recôndito dessas areias,
o odor do seu corpo, nessa perseguição amorosa.
Procurar o calor do seu corpo, para aquecer-me,
aquecer-me nessas frias manhãs desse inverno tortuoso.
Quero afugentar-me das marés, dessa ressaca, desse seu olhar,
embalando-me meu corpo, objeto da sua procura.
Procurar nessa vida previsível o mormaço dos seus olhos,
provocando arrepios dessa sua impetuosidade feminina.
Quero sentir a brisa refrescante do seu corpo, uma vez mais.
Reatar laços frouxos desse barco sem proa, a esmo,
desses seus braços incertos, desses seus beijos convidativos,
de meu ser desgovernado, amando-a com sofreguidão.
Quero não sentir a angústia dessa poesia esfacelada.
Ter seu amor como oferta, cintilante nessa tarde fútil.