Se eu partir...
Fecho as portas, abro silêncios
Pensamentos gritam
Olhos, abrem comportas...
Rompidas, todas as resistências
Medos e pecados a solta
A solidão, é inquisidora
Não perdoa erros, aponta dedos
Joga verdades na cara
No tribunal do imo
A alma é juíza, julga e condena
Sou eu, minhas derrotas e provas
Recebo, pago as penas...
Se eu partir
Quero que seja, como virar esquinas no tempo
Deixa fluir, sem pressa, mas, sem lamento
Tudo se esvai, como cinzas ao sopro do vento...
De mim, guarde o sorriso, o amor simples
Como abraços do infinito... Lá, em cima
Estarei entre estrelas, na serenidade da lua
Entre cometas caminheiros, planetas
Minha ausência, será nula...
Fiz tudo que sonhei, desejei pouco...
Ia longe, a passos lentos, sem avanços para chegada.
Quando partir, saiba, tudo que consegui fazer
Amar sem medidas, sem perceber
Que o amar é mais que doar
Tem que se apreciar o viver...
Irei, como tudo se vai, não ocupe as lágrimas
Que não lhe salguem a face
Tão pouco, temperes a alma de amargura
Viva intensamente, a intensidade do amor!
E tudo mais, terá cura...
Ema Machado.