Marcelo Veloso

TUDO OU NADA: QUAL O NEXO?

Na vida se acostuma com tudo,

só não se deve a tudo consentir,

o risco da acomodação ao mundo

é não poder, sequer, sorrir.

Os olhos vendados à razão,

muito nos faz tropeçar,

mas a tristeza não é sentinela,

para poder nos inquietar.

 

Dívidas com a verdade

pode nos pedir alta fatura,

ser genuíno, generoso e gentil

é o essencial da nossa postura.

Conservar-se sempre na retidão,

não dar chance alguma ao devaneio,

pois a rendição à superficialidade,

pode nos criar um grande enleio.

 

Na vida se acostuma com tudo,

mas o nada pode ser o reflexo,

de que mesmo completo, se sentir vazio,

sem rumo, sem amor e sem nexo.

Conceitos e conselhos emergem,

num priorizar como sem engano,

debulhando e semeando discórdia,

num rigoroso imperfeiçoar humano.

 

O êxtase da imensurável liberdade,

tem o efervescer destoante,

que proporciona um tom lívido,

em um significar deselegante.

Revigorar-se no benfazejo,

dá a pertinácia adequada e ideal,

silencia o barulho da crueza,

para ressoar o amor incondicional.

 

Na vida pode-se acostumar com o tudo,

mas, o hábito deve ser peculiar de cada um.

Na vida pode-se até aceitar o nada,

mas jamais assumir como um axioma comum.