DIÁLOGO COM O CORAÇÃO.
Ah! Pobre coração vazio!
Porque bates assim veloz e frio?
Acaso não tens na lembrança
um amor puro e verdadeiro?
Será fado a consumir-te por inteiro
sem sequer acalentar-te a esperança?
Frio coração que vaga pela terra!
Que angústia o teu bater encerra
nas lágrimas que tentas esconder?
Não vês que suspiros delirantes
povoam quimeras distantes,
buscando ao cume ascender?
Mas, será ela, que em seu sonho de criança,
vê a ave da esperança
em seus céus volitar?
Ou serei eu, que tais sonhos despedaça
qual negro abutre que esvoaça
sobre a presa a espreitar?
Ah! Ela sim, alva estrela, astro fulgurante,
flor dos campos, inocência d!Um instante,
suspira e vê perto os sonhos seus!
Pois que eu vejo a noite borbulhar nas vagas,
e sinto a consciência arder em chagas,
por um momento a recordar de Deus!
Nelson de Medeiros
Guarapari (ES) janeiro de 2005