Maximiliano Skol

NÃO SEI POR QUE...

Não sei por que me sinto perturbado

Co’ o trafegar de um carro em minha rua,

O Doppler que ele causa tem me dado 

Sensação de uma perda que atua

 

Por lembranças remotas num guardado

E hermético pesar, sem que gazua 

Alguma me desvenda esse passado

Em que se aloja o mal ou a falcatrua.

 

O modular do galo intuindo a aurora,

Do sapo o coaxar por noite adentro,

O avião monomotor seguindo embora:

 

Tudo isso, enfim, magoa... E me concentro 

A indagar que mistério existe em mim

Pra que esse trivial me atinja assim.