Não há flores nos montes...
Avança o olhar, pelos horizontes
Repleto de montanhas e planícies
Em lacônico momento, sob o monte
De joelhos pedi, implorei...
Atendeu-me, alcei voo e vi...
Do alto, não se enxerga flores
Nem lhes aspiramos o perfume
O ar poluído, ofusca e contamina
Tende-se a buscar picos
Torna-se águia...
Desço, à minha insignificância
No alto, arranquei minhas penas
Sangrei, avistei tempestades
Que à solidão condena...
Hoje, vivo serena, torno-me gaivota
Alço voo por sobre as águas
Avisto, caminho por uma praia
Piso descalça, o mar beija meus pés
Uno-me a outros passarinhos...
Olhos no horizonte, picos e montes
Prefiro recolher migalhas no porto...
Ema Machado
12/09/21