Me lembro de sempre usar branco no réveillon.
Lembro-me também de não saber o porquê da tradição.
Dado ano então, perguntei para a minha mãe qual a razão de todos se vestirem de branco uma vez por ano.
Ela então me disse que cada cor tinha um significado. Me contou que o verde era a esperança, e também me explicou que esperança significava não desistir do que se quer. Ela também me contou que o rosa era amor e o vermelho era paixão, me lembro de não entender a diferença naquele dia, mas ela tentou muito me explicar. Ela me contou sobre a maioria das cores e sobre o que elas significavam.
Foi aí então que, pensando em todas as cores que existiam e em tudo o que elas atraíam, eu me senti muito mais atraída por todas as outras cores do que pela cor branca.
Pensei “por que alguém, podendo pedir tanta coisa legal como amor e fortuna, pediria paz?”
Não usei branco por uns 3 anos. Me sentia rebelde e muito mais inteligente do que os que usavam branco naqueles anos.
Não se pode culpar uma criança de 10, 11, 12 anos por considerar que a “paz” não era algo tão importante. Ainda mais pra uma criança privilegiada como eu era.
É engraçado e triste pensar que eu faria qualquer coisa para estar em paz agora aos 22 anos.
Vou de comprimidos, gotas, terapia, exercícios físicos, animais de estimação.
Não se pode, mas eu culpo aquela criança por aqueles 3 anos os quais negligenciei a mim mesma ao não dar o devido valor a “paz”.
Como uma corrente não passada no Orkut que assombrou uma geração inteira, aqueles 3 anos me assombram com uma angústia e tristeza que me parecem insanáveis.