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Pedro Castro

Nosso Amor

O nosso amor,

Ocupava o espaço deixado pelos livros da estante,

Vivia o antes, o agora e o depois num instante,

Dava nome e rosto a um relógio feito de linhas e pontos,

E tingia com tons alegres,

As notas melancólicas de um piano preto e branco.

 

Nosso amor,

Cessou guerras,

Plantou flores em meio ao caos,

Deu luz ao um deus justiceiro,

Declamou poesias aos ditadores,

E ditou a cor das dores que a saudade viria a ter.

 

 

 

Nosso amor,

Escreveu os olhos de Monalisa,

E pintou todos os devaneios de Van Gogh,

Para que seus girassóis compusessem a música que faria meu sorriso dançar ao te ver,

Nosso amor esculpiu seu corpo na mente de Michelângelo,

E balbuciou teu nome a Beethoven,

Para que no ventre da arte,

Tentassem reproduzi-los sem sucesso.

 

 

 

 

Nosso amor,

Perdido no universo e na infinitude de seus planetas redundantes,

Se encontrou em nossos corpos….

Bastaria a ele,

Caber no imenso céu,

No profundo mar,

E no vazio do ar,

Mas nosso amor já não cabia.

 

 

 

Nosso amor,

Não cabia nos versos e linhas,

Por ter uma beleza indescritível,

Nosso amor não cabia nos cômodos da casa,

E muito menos nos retratos do mundo nos quadros da sala,

Nosso amor era desritmico e desafinado,

E não cabia em orquestras, cantos e sinfonias…

 

 

 

O nosso amor,

Era tanto mas tanto,

Que não cabia na despedida,

Então lhe escrevi uma poesia,

Era tanto,

Que seria desperdício experimenta-lo em uma só vida,

Agora busco nosso amor em outros corpos,

Ou nessas taças e copos,

Pois nosso amor,

Era tanto,

Que não cabia em mim.