O nosso amor,
Ocupava o espaço deixado pelos livros da estante,
Vivia o antes, o agora e o depois num instante,
Dava nome e rosto a um relógio feito de linhas e pontos,
E tingia com tons alegres,
As notas melancólicas de um piano preto e branco.
Nosso amor,
Cessou guerras,
Plantou flores em meio ao caos,
Deu luz ao um deus justiceiro,
Declamou poesias aos ditadores,
E ditou a cor das dores que a saudade viria a ter.
Nosso amor,
Escreveu os olhos de Monalisa,
E pintou todos os devaneios de Van Gogh,
Para que seus girassóis compusessem a música que faria meu sorriso dançar ao te ver,
Nosso amor esculpiu seu corpo na mente de Michelângelo,
E balbuciou teu nome a Beethoven,
Para que no ventre da arte,
Tentassem reproduzi-los sem sucesso.
Nosso amor,
Perdido no universo e na infinitude de seus planetas redundantes,
Se encontrou em nossos corpos….
Bastaria a ele,
Caber no imenso céu,
No profundo mar,
E no vazio do ar,
Mas nosso amor já não cabia.
Nosso amor,
Não cabia nos versos e linhas,
Por ter uma beleza indescritível,
Nosso amor não cabia nos cômodos da casa,
E muito menos nos retratos do mundo nos quadros da sala,
Nosso amor era desritmico e desafinado,
E não cabia em orquestras, cantos e sinfonias…
O nosso amor,
Era tanto mas tanto,
Que não cabia na despedida,
Então lhe escrevi uma poesia,
Era tanto,
Que seria desperdício experimenta-lo em uma só vida,
Agora busco nosso amor em outros corpos,
Ou nessas taças e copos,
Pois nosso amor,
Era tanto,
Que não cabia em mim.