Liduina do Nascimento

Gigi

Gigi

Atualmente, vou e volto caminhando, para o meu trabalho, de segunda à sexta-feira, num curto trajeto de somente três quarteirões, quando retorno no final do dia, é terapia, vou filtrando o barulho dos carros e apurando os meus ouvidos que se entregam ao canto dos pássaros, o que causa uma sensação gostosa, fechar os meus olhos eu não posso, pois estou caminhando por uma avenida central, e arborizada, difícil é não querer olhar o verde das folhagens, mas em pensamentos eu voo junto com eles e me misturo às suas algazarras, eles retornam aos seus ninhos e eu cansada, não menos feliz, retorno para casa. Onde quer que eu more, eu gosto de plantar algumas simples flores, gosto de olhar para elas, amo o colorido da natureza, e nos finais de semana, passo muito tempo ouvindo música, às vezes até canto, vou cuidando da vida, amanheço com vontade de fazer o meu café, sentindo o gosto nos meus afazeres, ouvindo os Bem-te-vis, e quando eles gritam, eu acho graça, o sol vai esquentando, afugentando a brisa natural da manhã, e eu converso bastante com a Gigi, minha gatinha silenciosa, ela nunca mia. Ela é uma ótima ouvinte.

Cheguei a uma fase da vida, em que repenso no tanto que me aprofundei no passado, às tristezas, aos lamentos, ah se eu tivesse há algum tempo, a experiência, a paciência que hoje tenho, teria evitado muitas coisas que em nada constrói, porém ainda é tempo, que esse tempo que me resta, eu saiba absorver somente aquilo que faz bem a minha alma, para que eu possa viver senão alienada, mas sempre em busca da minha paz interior, cabe somente a mim, escolher se vou ser alegre ou triste, se vou me entregar aos absurdos do mundo, ou me recolher no meu pequeno mundo. E a vida é maravilhosa demais para que eu a desperdice, ainda há tempo, de, no meu dia-a-dia, buscar o que me traz felicidade, e é nas coisas mais simples que eu encontro essa serenidade.

Liduina do Nascimento