Poeta de copo, vazio

Gin

Uma taça e tanto
qual o sabor entre morango 
e a vontade de passar a noite em branco
duas taças
e as várias palavras se encontram com as línguas
em torno de sua vida 
e só o que importa agora é a saliva daquela pessoa que te tirou o coração da boca pra fora 
enquanto o único sabor que ficava entre amora e a loucura de não estar perto o suficiente pra beber a mais pura das fantasias
é a vontade de apagar com chamas a intensidade o que se sente amarrado ao agora
terceira taça e o restante da noite se passou ofegante 
não é o bastante dormir entre coxas e suas manias
ao acordar quente em um abraço com quem apareceu de repente
é lógico que o café vai aquecer nossas bocas
mas a noite tirou a cor do que não tinha mais amor
e aumentou o brilho de um sorriso 
que não está perdido, 
mas em meus sonhos eu repito
e de novo me sinto perdido sem a ter comigo
com o peito por fora do que eu penso
e o desejo de ter seu beijo
sem batom ou álcool
seu afeto
sem tempo
só nossas taças mais uma vez
mais crentes que dessa vez o gin vai derreter nossos pensamentos 
e que o sexo que tanto queremos vai levar nosso sentimento ao extremo
por sua vez padecemos a vontade de ser quem tanto queremos
e com gosto ou não vamos ser o que tanto escolhemos
sem sofrimento
qualquer obstáculo vai ser deixado de lado
pois não vou desistir
de beber o nosso gin
a beira do amor que nunca nos foi dado.