Vlad Paganini

FEBRE

FEBRE

Deixe-me entrelaçar nos girassóis do teu peito

No teu suor, no teu amor, na tua carne

Deixe me sangrar nos teus lábios a saliva da minha boca

 

Quero teu amor, quero agora e grito!

Amor bendito!

 

Deixe-me te tocar

Me sinto verde feito cheiro de mato  

Me sinto quente, consciente

Amor febril, eterno verdejante doente

Temperatura que arde, desejo ardente

Me sinto incandescente, indecente

Em ti permaneço presente

 

Sou o teu desejo

Teu arvoredo

Pedra lapidada escarlate  

Coração verdejante, rubi, escaldante  

Minhas mãos estão esculpidas em teu corpo

Desenhadas em obra de arte

 

Sem você sou como um bebê frio

Em tuas mãos meu corpo explode no cio

Mar que me desagua no teu rio

 

Meu corpo geme, treme

Ressente as loucuras da tua mente

Meu corpo delira, palpita, pulsa e não morre

Porque minha alma viaja na tua

E a vida continua...

 

Termômetro da tua febre que queimam em meu olhar

Termostato, mercúrio, vermelho ou prata

Não importa

És água do mar

Cascatas de ossos desencarnados em minha boca a verdejar

 

Aprendi que viver é como morrer

Se nasce só, se morre só

Mas pela estrada que trafego hoje

Exercito minha fé espiritual 

Me sinto mais forte dentro da minha mata

Da minha montanha e do meu rio

Dentro da minha febre e do meu sal

E em vertigens e calafrios, concluo:

 

É com você que minha temperatura inflama

É por você que minha pele incendeia

É por você que meu corpo aquece

É por você que todas minhas vísceras queimam em febre

 

É por mim que ainda libertará teus medos em dilacerada alegria

É por mim e dentro do meu dilúvio que abrandará tua febre

E a paz que tanto deseja de viver um dia!

Vlad Paganini

 

Essa tristeza que sentes

Esse teu vazio interior

Essas tuas insônias frequentes

Essa febre de partida

Seja pra lá onde for

Só tem um nome nessa terra:

Febre de Amor!