Pedro Castro

Meu nome

Olhei para o céu,

E a Lua nua fez questão de brilhar sob minhas dúvidas,

Ao olhar a noite em sua forma crua,

Imensa e bela,

Me pergunto…

Qual é o meu nome?

 

Bastaria me contentar com o nome que me deram,

Dormir e viver os dias tranquilamente sabendo que esse é o meu nome,

Assim, só por ser mesmo,

Porque tinha que ser assim,

Porque quiseram assim,

Mas não…

Não me contento,

E também procuro respostas em outras dúvidas.

 

 

 

Se o céu não se chamasse céu,

Eu poderia chamá-lo de “meu”?

Que graça teria a palavra: “vermelho”,

Se não remetesse ao sangue e ao vinho?

Se a Lua não tivesse medo do escuro,

Que nome o Sol daria a ela?

Se as estrelas não estivessem mortas,

Qual seria o sentido de contar segredos a elas?

Se a luz não existisse,

Que brilho as sombras trariam?

Do que me chamariam caso não inventassem nomes?

 

 

Bebi dessas dúvidas inúteis,

Para no fim descobrir,

Que meu nome só é o meu nome,

Por você ter pronunciado ele na noite passada,

A vontade de dizer,

Deu luz a ele,

E o fez vagar da sua mente até as suas cordas vocais,

Ele escalou tua garganta,

Dançou com tua língua,

Tocou teus lábios,

E veio ao mundo em forma de ruído,

Foi abraçado pelos meu ouvidos,

Adormeceu na minha mente,

Me fez ver a Lua e o céu despidos,

Viveu sobre minhas perguntas,

E morreu ao lembrar que:

O meu nome só é o meu nome,

Por que um dia também foi teu.