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Jonas Teixeira Nery

Esses tempos

Liberto-me desse amargo tempo,

tempo de intolerância, insano tempo.

As amarras não se apagaram, somos escravos,

escravos do medo, da fome, dessas amarras.

 

Voraz o tempo que nos consome!

Tempo aniquilante, entre maledicências.

Um cenário escuro se acerca, todos os dias,

não nos libertando entre muros cinzentos.

 

Essa miséria socializada me deprime.

Andarilhos por aí passam.

Por aqui ficam vasculhando sua fome.

 

Deixei meu tédio para lá.

Sinto esse deserto, essas carências.

Esse desconforto velado, essa falta de comida.

 

Nessa máquina de consumo,

Sinto teu silencio gritante, teus arremedos,

camuflada nessa falta do básico, nessa falta de afeto.

 

Uma tristeza me envolve nesse caminho.

Observo o tempo que voa nesse mundo que não muda,

nessas pessoas confusas, abusivas, entre sombras.

 

Meu tempo passou, me deparei com esse padrão.

Desconformes corpos maltrapilhos, sem destino,

Sem perspectiva nessa vida insana, descontinuada.